terça-feira, 29 de junho de 2010

Árvore, folhas e o vento

     Os ventos trouxeram as folhas secas e jogaram no meu quintal, era da minha árvore favorita da praça que havia morrido. Ela já estava seca com seus galhos quebradiços, as folhagens não se renovavam já fazia dois meses, e as poucas que haviam sobrado, morreram despencando uma por uma, voando ao sabor do vento. Não gosto de ver aquelas folhas mortas ali, prefiro esquecer as lindas folhas e flores que nela havia brotado naquele verão, mas toda a vez que eu olho para aquele esqueleto de madeira, que reflete sua sombra dentro do meu quarto, quando está no sol poente, tenho a nostalgia de rever como era sua copa cheia e viva, com as folhas verdes e com seu tronco riscado de juramentos e desenhos que sumiam com o tempo, e que tanto eu reforçava para remarcá-los. Cansado de rever aquela cena, peguei o machado e fui até a praça. Parei de frente para a árvore, e olhando com pesar e lamentação, porém decidido no que faria, eu pendulei meus braços e bati com força o machado, batendo uma, duas, três vezes até que a árvore caiu e se quebrou toda com o impacto no chão. Pronto, estava derrubada a minha árvore, em vários pedaços e era assim que eu queria vê-la agora, se ela estava seca, melhor derrubada do que em pé, já que trazia somente uma triste paisagem. Terminado meu dever, fui pegar o machado que eu havia posto ao lado da raiz da árvore para voltar para casa, e quando me abaixei para levá-lo embora, eu vi uma nova uma folhagem verde e bonita, presa em um pequeno broto que estava nascendo ao lado da raiz velha. Naquele momento tive vontade de arrancar tudo, estava com medo de ver mais uma vez a árvore crescer, florescer e depois morrer, deixando seu esqueleto. Mas quando fui bater o machado, não consegui destruí-la, porque sabia que aquela árvore cresceria diferente da outra, e que poderia ser tão bela, ou até mais do que fora a antiga. Então peguei os gravetos da velha árvore em pedaços e fiz um cercado em volta daquele broto, e depois escrevi uma plaquinha que dizia: Não pise, pois esta será uma nova árvore que enfeitará a paisagem desse lugar.

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