Novo Mundo

Entre amores e dores, proveniente de um passado misturado ao futuro, que antes havia planejado em um tom mais vivo e menos cinza, encontro-me numa travessia entre o emocional e o racional. Conseqüências da vida e da paixão dilacerada e renovada em outra face, tão bela e delicada, me distorcem a realidade, demonstrando na verdade que meu mundo antes estabelecido, não era de fato consistente e vivenciável para as pessoas, além de seu próprio criador, eu. Cadeias de casos, de fatos e conseqüências se cruzaram de forma tão vil e enlouquecedora nos meus mundos internos, tão amplos e complexos, distorcendo diante de mim após fechar os meus olhos; o que me causa a sensação de solidão e angústia no tempo presente, que se parece muito mais um tempo ausente, me mantendo no plano estático e incapacitado de perceber os ponteiros que se movem. O mundo da ficção ficou cinza para se transformar em cinzas, do fogo que queimou, alastrou e destruiu as belezas das minhas terras, que eu tanto zelava. Agora para reconstruí-lo, me utilizo não mais da fé, e sim da matemática e geometria, da física e da ciência, rabiscando nos papéis e murais do meu quarto interior, os moldes e as formas que darei a este novo mundo. Recomeço do fim e dos escombros, fazendo um relicário das peças raras encontradas que antes eram partes do cotidiano. Como será esse mundo projetado com linhas, quadrados e triângulos ainda não sei, mas às vezes me pego torneando e esculpindo as colunas de uma construção inacabada, refletindo as mesmas imagens das outras que estão quardadas, cuidadosamente, no museu já construído.