terça-feira, 29 de junho de 2010

Ilha dos Cristais


      Sonharei com dias mais quentes do que esse, que me aqueçam do frio que me atormenta, que me alivie a dor do queimor gélido.
     As areias finas e brancas parecem ter se transformado em cristais maciços e transparentes, me dando a sensação de morbidez e solidão em lugar que antes era quente e belo onde fiz minha morada. Sonhos, desejos, sensações não mais modificam esse ambiente, e as lágrimas que caem do meu rosto somente ajudam construir ainda mais esse estranho lugar, já que elas se congelam e se perdem antes mesmo de alcançarem o chão.
     Olho para céu para ver se acho uma luz mais forte, querendo refletir algo a mais desse lugar estéril, mas não encontro além de nuvens espessas, cinzas e amórficas. Não há mais árvores nos bosques, não há mais lagos nos campos, não há mais cores no horizonte.
     Sentado nesse chão de vidro que parece que irá ceder a qualquer momento, olho para montanha mais alta e vejo no seu topo um enorme diamante que se apaga a cada instante, que perde seu brilho, sua limpidez, sua pureza. Penso em subir essa montanha para pegá-lo, mesmo sabendo que não serei capaz de escalar até o topo, mas não me importo vou tentar, pois nada me resta além dele, essa é a única chance de eu ainda ver um pouco mais do brilho nesse lugar, antes que ele se apague para sempre...

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